Clostridioides (Clostridium)difficile é responsável pela maioria das diarreias associadas a antibiótico no mundo. As toxinas A e B , são responsáveis pelas manifestações clínicas e são produzidas apenas pelas cepas toxigênicas. A glutamato desidrogenase (GDH) é uma enzima produzida por todas as cepas de C. difficile, toxigênicas ou não toxigênicas. O teste deve ser realizado apenas na suspeita de colite pseudomembranosa e em fezes diarreicas.
Apesar da alta frequência e da gravidade do quadro clínico o algoritmo para diagnóstico em pacientes com quadro clínico sugestivo ainda é motivo de discussão. Alguns algoritmos recomendam a realização de biologia molecular (PCR) como método inicial, seguido de pesquisa de toxina nos casos detectáveis. Teste de toxina positivo torna o diagnóstico muito provável. O teste molecular não diferencia entre colonização e infecção.
Outros algoritmos recomendam rastreio inicial com toxina A/B e GDH. A presença dos dois marcadores torna o diagnóstico muito provável.
O Kit utilizado para o teste é o Toxin/GDH ECO que é um ensaio imunocromatográfico que detecta simultaneamente a GDH e as toxinas A e B. Ramos e colaboradores (2020), utilizando o mesmo Kit, em estudo com 89 pacientes tendo como método de referencia a cultura toxigênica, encontrou sensibilidade de 100% (IC95% 86,8-100), especificidade de 92,1% (IC95% 82,4-97,4), VPP 83,9% (IC95% 69,2-92,3) e VPN 100% (IC95% -) para GDH; sensibilidade de 23,1% (IC95% 9-43,7), especificidade de 98,4% (IC95% 91,5-100), VPP 85,7% (IC95% 43,2-98,0) e VPN 75,6% (IC95% 71,5-79,3).
Em estudo de validação interna, obtivemos sensibilidade e especificidades semelhantes ao estudo citado anteriormente.
Desta forma, a GDH é um teste com VPN alto, podendo ser utilizado para exclusão de infecção por C. difficile. Devido a baixa sensibilidade da toxina A/B no kit utilizado, sugerimos, à critério médico, nos casos com detecção isolada de GDH, a realização da pesquisa de toxina em outra metodologia (ELFA) ou a realização de teste molecular.